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It is a mistake to believe that walking away from the negotiating table when communication ceases is a sign of weakness. This is also a legitimate way of resolving a conflict and, in many cases, the healthiest option from a psychological perspective.
It is important not to confuse this attitude with conflict avoidance, which involves fleeing from uncomfortable internal experiences. Conflict is part of human relationships and is not synonymous with aggression. It consists of opposing forces which, when expressed non-violently, can generate solutions that address the needs of all parties involved. Through conflict, we perceive how our body functions, recognise our limits, and learn to assert them safely.
The experience of conflict, however, is not lived in the same way by everyone. Social sciences show that the way a person learns to deal with disagreements is deeply influenced by social structures such as gender relations, processes of racialisation, and the stigmas associated with physical and mental abilities, for example. In many contexts, certain groups are socialised to avoid conflict in order to preserve the existing social order. Avoidance, in these cases, is not a lack of emotional maturity; it is often a learned mechanism for surviving environments that punish divergence.
When someone repeatedly gives in to external pressure in order not to cause trouble, the emotional cost eventually reveals itself. Anger may arise, frequently directed at oneself. This combination of frustration and self-blame generates suffering and, over time, may turn into resentment — something difficult to identify without professional support.
Communication is a central element in conflict resolution. The first step is for each party to express their needs clearly. If disagreements emerge, the aim is to identify areas of agreement, however small, and use them as a basis for negotiating the differences. When there is mutual willingness, even if limited, there is space to rebuild the relationship.
But there are situations in which all parties, or even just one of them, show no openness. There is no listening, no possible consensus, and even the presence of a mediator proves insufficient. In such cases, insisting does not strengthen anyone. Recognising that a limit has been reached and stepping away from the table is not giving up; it is preserving one’s integrity.
Success in resolving a conflict does not lie in winning, but in negotiating honestly for as long as possible and recognising the moment when continuing would violate who you are.
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A resolução de um Conflito Interpessoal: Como Identificar a Hora de Encerrar a Negociação e Levantar-se da Mesa.
Engana-se quem acredita que se levantar da mesa de negociação quando a comunicação deixa de existir é sinal de fraqueza. Essa também é uma forma legítima de resolver um conflito e, em muitos casos, a mais saudável do ponto de vista psicológico.
É importante não confundir essa atitude com a evitação do conflito, que envolve fugir de experiências internas desconfortáveis. O conflito faz parte das relações humanas e não é sinônimo de agressão. São forças que se opõem, mas que, quando expressadas de forma não violenta, podem produzir soluções que contemplam as necessidades de todos. É no conflito que percebemos o funcionamento do nosso corpo, reconhecemos os nossos limites e aprendemos a exercê-los com segurança.
A experiência do conflito, porém, não é vivida da mesma maneira por todo mundo. Sabemos, pelas Ciências Sociais, que a forma como uma pessoa aprende a lidar com divergências é profundamente influenciada por estruturas sociais, como as relações de gênero, os processos de racialização e os estigmas associados a habilidades físicas e mentais, por exemplo. Em muitos contextos, determinados grupos são socializados a evitar o conflito para que a ordem existente se mantenha. A evitação, nesses casos, não é falta de maturidade emocional; muitas vezes é um mecanismo aprendido para sobreviver em ambientes que punem a divergência.
Quando alguém cede continuamente à pressão alheia para não criar problemas, o custo emocional aparece cedo ou tarde. A raiva pode surgir, frequentemente dirigida a si mesma(o). Essa combinação de frustração e autoacusação gera sofrimento e, com o tempo, pode transformar-se em ressentimento, algo difícil de identificar sem apoio especializado.
A comunicação é um elemento central na resolução de conflitos. O primeiro passo é cada parte expor suas necessidades de forma clara. Se houver discordâncias, procura-se identificar pontos de acordo, ainda que mínimos, para a partir deles negociar as diferenças. Quando existe disposição mútua, mesmo que limitada, há espaço para reconstruir a relação.
Mas há situações nas quais todas as partes ou apenas uma não demonstra abertura. Não há escuta, não há consenso possível e até a presença de um mediador se mostra insuficiente. Nesses casos, insistir não fortalece ninguém. Reconhecer que um limite foi alcançado e se retirar da mesa não é desistir; é preservar a própria integridade.
O êxito na resolução de um conflito não está em vencer, mas em ter negociado de forma honesta até onde foi possível e em saber identificar o momento em que continuar passa a violar quem você é.